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Gustavo Franco: Inflação é como alcoolismo, não tem cura, só controle
O Brasil não pode fazer concessões para a inflação, disse Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e sócio da Rio Bravo Investimentos. “A inflação é que nem alcoolismo, não tem cura, só controle”, disse a jornalistas após participar de painel em evento em comemoração aos 20 anos do Plano Real, em São Paulo.
 
Franco disse que o Banco Central está conduzindo a política monetária dentro das possibilidades que lhe são dadas. Segundo ele, a meta de inflação está sendo usada pelo governo de forma um pouco distorcida, buscando não o centro da meta, de 4,5%, mas sim não ultrapassar o teto da meta, de 6,5%. “O teto da meta é muito próximo de 10% e se passarmos disso aí é ladeira abaixo”, avalia.
 
Eleição e rating
 
Perguntado sobre o impacto das eleições sobre o mercado financeiro, Franco disse que as incertezas já estão precificadas e que daqui para frente o cenário deve melhorar com os candidatos apresentando suas plataformas. Quanto ao risco de rebaixamento do rating soberano, Franco disse que tudo indica que ele aconteça ainda no primeiro semestre. Ele observou que o valor cobrado pelos CDS brasileiros já precificam não só um, mas dois rebaixamentos da nota de crédito soberano do país. 
 
Hiperinflação
 
Durante o eento, Franco afirmou que o país vive um momento de dúvidas sobre as conquistas do Plano Real. Ele se referia ao controle da inflação. “Nesses 20 anos de Plano Real, o sentimento que tenho é que continua existindo uma perplexidade sobre a inflação.”
Segundo ele, ainda há quem duvide da existência da hiperinflação ou que minimize a seriedade da fal ta de controle dos preços. “O trauma aqui no Brasil é com os planos econômicos e não com a inflação”, disse Franco. 
 
“Quando as pessoas falam do período de hiperinflação, lembram que precisavam ir correndo para o supermercado, ou seja, lembram da questão da velocidade, e não de que com isso ficavam mais pobres, que é como as pessoas encaram o assunto na Alemanha”, exemplificou. Segundo ele, aqui as pessoas sentiram essa perda de patrimônio com o Plano Collor, por exemplo. “No Brasil, os planos econômicos é que são os vilões.”
 
Venezuela
 
Ao falar sobre outros páises, Franco afirmou que há uma volta ao passado protagonizada por nações como Venezuela e Argentina, com “semelhanças alarmantes” com relação ao Brasil. “Não tivemos coragem de prostituir o índice de inflação, mas fizemos isso com o fiscal. É uma dívida pública que vamos legar às futuras gerações”. 
 
Franco lembrou que a inflação na Venezuela está ao redor de 60% e que, na Argentina, “ninguém sabe”. Para o economista, é preciso sepultar o mito do bolivarianismo dentro do continente, que conta também com países neoliberais que funcionam bem, como Chile e Peru. “Diferentemente do mundo populista com que estamos flertando perigosamente”. 

 

Thais Folego, Luciano Máximo e Flavia Lima 

Valor Econômico


  

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